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11 de março de 2008

“Por uma escola do nosso tempo”

Vital Didonet, 1998.
por Tafnes do Canto


No seu artigo “Por uma escola do nosso tempo”, Vital Didonet discorre sobre a escola e seus desafios para o século XXI. A partir dos princípios apontados pela Unesco para a educação, o autor identifica oito pontos que urgem por renovação nas instituições de ensino-aprendizagem.

Em uma sociedade globalizada, vivendo a era da tecnologia e da informação - se bem que, muitos países estejam aquém dessa realidade, mas isso é assunto para outro momento -, as escolas precisam acompanhar este ritmo desenfreado para tornarem-se realmente filhas de seu tempo.
Na busca de alcançar este objetivo a Comissão Internacional sobre educação para o século XXI, organizada pela Unesco sob a coordenação de Jacques Delors, elaborou um relatório que posteriormente foi publicado na forma de livro com o título Educação: um tesouro a descobrir (1999). O relatório apontou os quatro pilares para a sustentação das práticas pedagógicas: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver com os outros e aprender a ser. O primeiro princípio é de suma importância pois, à medida que o conhecimento se expande, “é impossível estudar tudo na escola, por mais que se amplie o tempo das aulas e a duração dos cursos”(p.45). A escola do nosso tempo não será uma mera transmissora de conhecimentos, “enchendo cântaros”, mas aquela que ensinará a conhecer, “acendendo um fogo”, como diria William Butler Yeats. Para Didonet, aprender a fazer é o principio educacional para o século XXI que une ciência e tecnologia com finalidade de “melhorar as condições de vida, elevar o padrão de vida das pessoas, trazer mais bem estar a todos” (p.45). O terceiro e o quarto princípios são aqueles que podem tornar este segundo uma realidade, afinal, somente quando o ser humano aprender a conviver de forma a procurar o melhor para si, simultaneamente à de seu próximo, preocupando-se em cultivar o ser e suas faculdades mais elevadas é que efetivamente veremos as boas condições de vida serem, também globalizadas. Utopia? Provável. Mas, a escola que o século XXI necessita é justamente aquela que procurará desenvolver o individuo de maneira integral, não aquele apenas pronto para o vestibular, mas pronto para exercer sua autonomia, sua capacidade de “julgamento que passa do crescimento da responsabilidade pessoal à realização do destino coletivo” (p.46).
Sob essa ótica os setores de renovação da escola são a universalização da educação em todos os níveis, a garantia das aprendizagens escolares através de um aprimoramento da didática, a escola como um ambiente vitalizante, a gestão da escola em parceria com a comunidade, redefinição de conteúdos, formação para a cidadania, preparação do professor e o uso de novas tecnologias no ambiente escolar. De todas estas esferas, Vital Didonet destaca o sétimo item, a preparação dos docentes, por considerar que o seu gerenciamento ao acesso do conhecimento, a sua mediação para a construção dos mesmos é, em suas palavras, “determinante na transformação da escola” (p.47).
Poderíamos arriscar dizer que o que buscamos exatamente não seria uma escola filha de nosso tempo, tão marcado pelas tensões e desigualdades, mas uma escola a frente de nosso tempo, que encontrará meios de formar homens e mulheres de caráter, que cultivem um corpo e um intelecto sadio, tomando decisões sábias, transformando uma vida de cada vez.








Referência Bibliográfica:

DIDONET, Vital. Por uma escola do nosso tempo. Pátio. Ano II. Nº. 5, mai/jul., 1998, págs. 44 – 47.

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