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7 de fevereiro de 2008

Na era do Conhecimento... o discurso é diferente da prática!

Já adentramos faz algum tempo na era do conhecimento. Estufamos nossos peitos, nos ufanamos das proezas do homem pós-moderno. Louvamos os feitos das nossas mãos, a lua não é mais fronteira. Realmente, a humanidade nunca produziu tanto, pelo menos, tecnologicamente não.

Gosto que no título deste blog encontra-se a palavra Opinião. Porque opinar faz parte da vida do ser humano. Aliás, se fizéssemos um estudo das decisões da humanidade, talvez constataríamos que a maioria das decisões são tomadas com base nelas, e não propriamente embasadas na teologia ou na ciência. Considero isto até certo ponto aceitável, porque afinal, ela expressa nosso julgamento da situação, exercemos assim nosso raciocínio, livre-arbítrio. Então, sinto-me a vontade para dar a minha também.

Intriga-me a dicotomia entre o slogan “era do conhecimento” e o comportamento da sociedade. Ao estarmos na era do conhecimento supõe-se que os neurônios seriam os agentes biológicos responsáveis pelas principais decisões do ser humano. No entanto, o poder encontra-se, por mais estanho que pareça, nas mãos dos hormônios. E a ditadura é a forma de governo.

Basta analisarmos a publicidade. Os apelos para consumirmos são, em sua grande maioria, estritamente sensuais – da bebida ao automóvel – sem distinção. E os argumentos racionais, onde ficam? Como se explica o fato de que, na era do conhecimento, grande parte das pessoas decidem passar a maior do seu tempo entorpecidos, desligados da realidade, de mal com a sobriedade? Eu, não entendo.

Isso sem considerar que a maior parte dos filmes, são uma sucessão de lutas alternadas por cenas sexuais. Enredo que se preze, poucos possuem. Atingir o público é fácil, é só dar o que esperam, doses altas de nudez e violência. Mas é isso o que queremos?

A única explicação que encontro é que acumular conhecimento não é garantia de viver melhor ou de aplicá-lo. O abismo entre conhecimento e sabedoria sempre foi profundo, mas quem sabe, não está na hora de o superarmos? De deixarmos para trás a era do conhecimento e entrarmos na Era da Sabedoria?

Paulo Freire salientava que devemos fazer uma reflexão do que é o homem, antes de tentarmos educa-lo, para não corrermos o risco de o reduzi-lo a um objeto. Creio que isto, deveria transferir-se para todas as práticas sociais. Somos mais que objetos ou seres movidos a hormônios. Nascemos para uma vida livre, para admirar o belo, estabelecer relações duradouras com Deus e o próximo. Não podemos aceitar este rebaixamento humano provocado pela filosofia utilitarista e individualista destes tempos.

Perder a capacidade de nos indignarmos perante isso, é concordarmos e até mesmo incorporarmos uma visão de homem que não é correspondente com o propósito pelo qual fomos criados.

Ouvi um jornalista dizer que a maior chaga moral do Brasil foi a escravidão. Atrevo-me a dizer que não somente ela foi, como ainda o é. Estamos submissos, e não só os brasileiros, aos cativeiros morais de filosofias vãs e das traças que corrompem a ética e os valores de nossa sociedade. Por isso, faço votos para nos despedirmos da era do conhecimento e saudarmos a era da sabedoria, para realmente dignificarmos o ser humano e encontrar a felicidade – felicidade, que a tanto perseguimos.

Liege de Oliveira




2 comentários:

  1. Faço um registro aqui para homenagear a autora – Liege Oliveira – da qual tenho orgulho de dizer: “Foi minha aluna!” e acrescento: “Das mais queridas e mais brilhantes!” Respaldo meu comentário em que está iniciando seu 48º ano de magistério.
    Com carinho e renovada admiração,
    attico chassot
    *****www.atticochassot.com.br

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  2. Oi prima! Parabenizo você e Tafnes pela iniciativa de criar este blog! Tenho acompanhado sempre que posso. Vou adicionar meus 5 centavos ao seu POST. :)

    Todas as decisões são basedas em opiniões, e estas são embasadas racionalmente ou emocinalmente. Opinar é fazer juizo, dar parecer etc. Portanto, quando tomamos partido, não necessariamente estamos firmados no método cientifico ou na fé.

    Concordo que o slogan “Era do conhecimento” está errado. Nós vivemos na “Era da Informação”, pois a informação se torna conhecimento apenas quando nos apropriamos dela, o que em nossa sociedade acontece pouco. Foi democratizado o acesso a informação e ao mesmo tempo nos distanciamos cada vez mais do conhecimento. Sobre este assunto, eu recomendo o artigo “Como emburrecer americanos” publicado no caderno Aliás do jornal Estadão do domingo passado (está disponível na integra no site do Estadão).

    Quanto ao conteúdo da publicidade, dos filmes etc. faço duas perguntas que têm a mesma resposta: Qual é o objetivo da publicidade? Qual é o objetivo da industria do cinema? – ganhar dinheiro. Ok, se o objetivo é ganhar dinheiro, serão utilizados os artifícios de efeito mais rápido e que atinjam o maior público possível. Neste caso, a sexo e a violência se encaixam perfeitamente, porque são universais. Recomendo o documentário “The Corporation” (2004).

    Discordo do teu posicionamento quanto a sermos escravos em uma ditadura real ou virtual. Somos livres e fazemos escolhas, as quais são influenciadas pelo ambiente. Mas isso dá pano para um boa discussão sobre o conceito de liberdade.

    Para finalizar, não sou pessimista, mas se não estamos na “Era do conhecimento” acho difícil chegar na “Era da sabedoria”.

    Bjs! E continue escrevendo!

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