Ronaldo Vainfas declara ser a prática idolátrica “manifestação global de resistência cultural indígena” (1992, p.2) frente à imposição das tradições ocidentais, pelos europeus. O confronto entre idólatras e colonizadores representou não um embate religioso, mas lutas de idéias, costumes e ações morais, éticas. Ela ultrapassou o plano das mentalidades e se fez realidade no momento em que, para preservar sua cultura, indígenas mantinham práticas idólatras, desaprovadas pelos colonizadores ditos cristãos, porém agora, classificadas como ajustadas ou insurgentes.
Idolatrias ajustadas constituíram-se em manifestação de resistência, pois, no recôndito do lar, ameríndios preservavam suas tradições sem, no entanto, afrontar o Estado e a Igreja. Silenciosamente, sustentavam “as cerimônias tradicionais de casamento, o modo indígena de dar nomes aos recém-nascidos, a consulta aos velhos calendários, às práticas divinatórias, o culto dos ancestrais e toda uma gama de usos e costumes proscritos pela Igreja” (VAINFAS, 1992, p.2).
Ao contrário das idolatrias ajustadas, as insurgentes se caracterizavam por reunir indígenas em movimentos que pregavam um “discurso hostil ao europeu” (VAINFAS, 1992, p.3) – cujo, o qual tinha entre suas principais prioridades a extinção das idolatrias, consideradas demoníacas. Assim, estes movimentos buscavam liberdade de culto, como o da Santidade de Jaguaripe (Bahia, 1585 -1586). Outras vezes, apesar do grande número de seguidores, não organizavam “soluções armadas contra o estrangeiro” (VAINFAS, 1992, p.5). Ainda, pode-se citar como práticas idolátricas insurgentes as manifestações promovidas por Martin Ocelotl (México, 1530) e Taqui Ongoy (Peru, década de 60).
Vale lembrar que esta resistência cultural a ocidentalização, seja na forma de idolatrias ajustadas ou insurgentes, não promoveu uma total separação das culturas indígena e européia. O resultado é uma América marcada pelo sincretismo. Exemplo disso são os xamãs, que nos idos de seiscentos, vestiam-se como padres e incluíam os jesuítas em sua hierarquia religiosa. Ou ainda, o caso de Antônio, apresentado por Vainfas, “caraíba-mor que dizia encarnar o ancestral Tamanduare, intitulava-se Papa e nomeava bispos entre seus auxiliares” (1992, p.10). O autor do artigo “Idolatrias e Milenarismos” defende que o fato de indígenas se apropriarem da educação européia não anula o caráter antiocidental dos movimentos de resistência, porque “não bastasse o conteúdo das mensagens, que de várias maneiras hostilizavam e repeliam o europeu, muitos aspectos rituais indicam o apego às tradições e a necessidade de purificar os índios da influencia cristã” (1992, p.11).
Tafnes do Canto
Idolatrias ajustadas constituíram-se em manifestação de resistência, pois, no recôndito do lar, ameríndios preservavam suas tradições sem, no entanto, afrontar o Estado e a Igreja. Silenciosamente, sustentavam “as cerimônias tradicionais de casamento, o modo indígena de dar nomes aos recém-nascidos, a consulta aos velhos calendários, às práticas divinatórias, o culto dos ancestrais e toda uma gama de usos e costumes proscritos pela Igreja” (VAINFAS, 1992, p.2).
Ao contrário das idolatrias ajustadas, as insurgentes se caracterizavam por reunir indígenas em movimentos que pregavam um “discurso hostil ao europeu” (VAINFAS, 1992, p.3) – cujo, o qual tinha entre suas principais prioridades a extinção das idolatrias, consideradas demoníacas. Assim, estes movimentos buscavam liberdade de culto, como o da Santidade de Jaguaripe (Bahia, 1585 -1586). Outras vezes, apesar do grande número de seguidores, não organizavam “soluções armadas contra o estrangeiro” (VAINFAS, 1992, p.5). Ainda, pode-se citar como práticas idolátricas insurgentes as manifestações promovidas por Martin Ocelotl (México, 1530) e Taqui Ongoy (Peru, década de 60).
Vale lembrar que esta resistência cultural a ocidentalização, seja na forma de idolatrias ajustadas ou insurgentes, não promoveu uma total separação das culturas indígena e européia. O resultado é uma América marcada pelo sincretismo. Exemplo disso são os xamãs, que nos idos de seiscentos, vestiam-se como padres e incluíam os jesuítas em sua hierarquia religiosa. Ou ainda, o caso de Antônio, apresentado por Vainfas, “caraíba-mor que dizia encarnar o ancestral Tamanduare, intitulava-se Papa e nomeava bispos entre seus auxiliares” (1992, p.10). O autor do artigo “Idolatrias e Milenarismos” defende que o fato de indígenas se apropriarem da educação européia não anula o caráter antiocidental dos movimentos de resistência, porque “não bastasse o conteúdo das mensagens, que de várias maneiras hostilizavam e repeliam o europeu, muitos aspectos rituais indicam o apego às tradições e a necessidade de purificar os índios da influencia cristã” (1992, p.11).
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Bibliografia
VAINFAS, Ronaldo. Idolatrias e Milenarismos: a resistência indígena nas Américas. In: Estudos Históricos. Rio de Janeiro, v.5, nº9, 1992. Disponível em: http://www.cpdoc.fgv.br/revista/arq/92.pdf . Acesso em: 25.abril.2007.
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