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20 de julho de 2007

Sobre a brevidade do tempo para vir a ser

Certamente você já perdeu as contas de quantas mensagens eletrônicas recebeu cujo intuito era levá-lo a meditar sobre a brevidade da vida e a importância de demonstrar seu amor àquelas pessoas que lhe são tão caras. Em dias como os vividos esta semana, na qual registramos o maior desastre aéreo da história de nosso país, foi impossível não refletir acerca deste tema, por isso decidi nestas linhas encarar a possibilidade de ser redundante.
Para tal procurei a ajuda de Shakespeare, afinal de contas todas as vezes que tenho dificuldade em exprimir um sentimento, encontro em suas impressionantes obras as sentenças singelas, capazes de alcançar a profundidade exigida pela emoção. William Shakespeare dizia que “depois de algum tempo você (...) descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que se quer ser, e que o tempo é curto”. E se existe algumas certezas, uma delas é que todos possuímos coisas com as quais não estamos (ou não deveríamos estar) satisfeitos em nosso ser. Dificuldades que convivemos ao longo dos anos e para as quais, entre quedas e tropeços, buscamos soluções. Traços de caráter que nos machucam e abrem grandes feridas em pessoas que tanto bem queremos. Mas os dias passam rápidos e o “tempo é curto”. Estamos muito atarefados para mudar e cultivar relacionamentos. Ocupados demais para buscar e legar o perdão. Assoberbados demais para sermos amáveis, ouvir, abraçar e sorrir. Cansados demais para desenvolver algo além do quociente inteligente.
A razão em detrimento de outras dimensões do ser cegou nossos sentidos e petrificou qualidades essenciais: “amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança[1]”. E por estarmos aqui refletindo sobre brevidade da vida, sobre esse tempo ser tão curto - como disse Shakespeare- é que está mais do que na hora de aproveitá-lo para promover mudanças em nossa individualidade, tendo em vista jamais subestimar “o poder do carinho, de um sorriso, uma palavra amável, um ombro amigo, dar ouvidos, um elogio honesto, ou o menor ato de dedicação, pois todos têm o poder de transformar uma vida." (Leo Buscaglia).

Tafnes do Canto


[1] Gálatas 5:22.

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