Por Liege de Oliveira
No artigo “Volta às Aulas” Stephen Kanitz (clique no título para ler o artigo) aborda duas questões essenciais:
I – A habilidade essencial ao homem moderno que é de aprender a pensar. Para garantir a sobrevivência no mundo, precisamos aprender a pensar para tomar decisões. Essa habilidade o ajudará a alcançar o sucesso.
II – O apego do ensino brasileiro em estudar o que os grandes homens do passado escreveram, como se, seus livros, fossem a panacéia para todos os nossos problemas. O ensino deverá levar o estudante a pensar e observar a sua realidade.
Esta reflexão de Stephen Kanitz nos faz levantar algumas questões do atual quandro escolar brasileiro. Me parece injusto afirmar que ainda ensinamos como na Idade Média. Temos muitos exemplos de professores que buscam construir sua práxis pedagógica dentro de uma esfera que promova uma educação para o pensar.
No entanto, a sala de aula também está subordinada a uma política educacional, e, tanto na rede pública como na privada, o professor é mais pedreiro que arquiteto de sua prática. Aí percebemos que nem sempre é possível fazer mais. Quando cito isso, muitos acham um absurdo, mas a rotina, a burocracia, o currículo, as exigências, o Saresp, a Provinha Brasil são consumidoras da energia do professor (pobre peão!).
Mas todas as artimanhas do “sistema” não podem nos emaranhar, porque, afinal, sabemos que cabe ao professor apoderar-se o máximo possível da realidade e, assim, burlar a burocracia e todas as exigência postas ao docente e promover uma educação pensante. Como ajuda nesta trajetória, a psicologia metacognitivista tem balizado muitos profissionais na busca da didática que promova tal ideal.
O professor precisa estar ancorado em um referencial teórico para poder proceder adequadamente nesta empreitada. A psicologia metacognitivista, desenvolvida por John Flavell em meados dos anos 70 (vale lembrar que a teoria busca validação no campo científico), tem por pressuposto que
“[...] ao fazer uso da metacognição, o sujeito torna-se um espectador de seus próprios modos de pensar e das estratégias que emprega para resolver problemas, buscando identificar como aprimorá-los. Nesse sentido, e tal como postula Flavell (1976), metacognição envolve também monitoramento ativo dos processos de pensamento, regulando-os e orquestrando-os para alcançar um determinado objetivo. Esse autor aponta dois componentes centrais nesse conceito: os conhecimentos metacognitivos e as experiências metacognitivas.” (DAVIS, 2005)
Assim sendo, a educação poderia obter muito mais de seus alunos, se estes, fossem gestores do próprio saber, trilhando o caminho da aprendizagem, possuindo consciência de como o conhecimento é produzido e processado organicamente. Davis (2005) diz ainda que
“Fica patente, então, que a metacognição é aspecto central na implementação de uma cultura do pensamento, uma vez que é por seu intermédio que se pode: construir conhecimentos e habilidades que tenham maior possibilidade de sucesso e de transferência; aprender estratégias de solução de problemas que sejam passíveis de serem auto-reguladas; adquirir autonomia na gestão das tarefas e nas aprendizagens, auto-regulando-se e se auto-ajudando; construir uma auto-imagem de aprendiz produtivo e, com isso, obter motivação para aprender.”
Concluo salientando que o professor precisa munir-se da compreensão do desenvolvimento humano para, assim, promover uma educação que estimule o pensamento e a autonomia.
Para ampliar o assunto, acesse:
Livro em português de John Flavell. http://www.tudomercado.com.br/tm/aviso/img_avisos/Submarino_21236.jpg
Artigo interessantíssimo sobre Metacognição e estratégias de aprendizagem ddo Grupo de Estudos de Aprendizagem e cognição. http://www.geac.ufrj.br/index.php?option=com_content&task=view&id=57&Itemid=81
Bibliografia:
DAVIS, Claudia. NUNES, Marina M. R. NUNES, Cesar A. A. M etacognição e sucesso escolar: articulando teoria e prática. Cadernos de Pesquisa, vol.35, no.125. São Paulo: maio-agosto, 2005.
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