Darcy Ribeiro nasceu aos 26 dias de novembro de 1922 em Montes Claros, Minas Gerais. Graduou-se no curso de Ciências Sociais com especialização em Antropologia na Escola de Sociologia Política da USP. Sua intensa vida pública - segundo seu ponto de vista um importante instrumento para a educação - poderia ser resumida pela fundação e reitoria da Universidade de Brasília durante o governo de Juscelino Kubitschek, ministério da educação e chefia da casa civil na administração de João Goulart, vice-governador de Leonel Brizola no Rio de Janeiro em 1982, ocasião que implantou os famosos CIEP’s – escolas de turno integral e em 1990 assume como senador da República.
Há várias facetas de um mesmo Darcy Ribeiro que transitou pela antropologia, história, filosofia e política, desenvolvendo cada uma dessas áreas do conhecimento tendo em vistas compreender o Brasil e os brasileiros. As idéias deste que foi um intelectual marxista pouco ortodoxo foram colocadas no papel sob a forma de publicações. Entre suas obras mais significativas para o campo da História (digo do campo da História porque Darcy Ribeiro também deixou contribuições escrevendo sobre educação e obras literárias, como a premiada Maira [1976]) estão: Processo Civilizatório, Os Índios e a Civilização e sua obra mestra O Povo Brasileiro, publicada pouco antes de seu falecimento.
Processo Civilizatório em fins da década de 60 ocupa espaço significativo na academia brasileira, bem como no exterior. Nesta obra, Darcy Ribeiro propôs-se a difícil tarefa de explicar a evolução das sociedades humanas partindo do macro para o micro, ou seja, desenvolve uma teoria geral da evolução das sociedades humanas, posteriormente aplica-a ao caso das Américas, da América Latina e do Brasil. Embora esteja superada, Processo Civilizatório possui valor inestimável. Com a idéia de revolução e reorganização sempre presente, Ribeiro realizou uma revisão crítica das teorias de evolução cultural e produziu uma nova. Ao chegar as especificações de sua teoria, em As Américas e a Civilização divide a sociedade pós conquista em três grupos: povos testemunhos (ameríndios), povos transplantados (europeus, africanos, entre outros imigrantes) e povos novos (resultado da hibridização).
A obra mestra de Darcy Ribeiro, O Povo Brasileiro, procurava responder por que o Brasil ainda não deu certo. Assumindo que a diversidade não seria a resposta, mas sim o elemento que faria o Brasil obter êxito, desmembra a população de acordo com as etnias. A primeira parte da obra trabalha a gestação étnica pela matriz portuguesa, indígena e africana. Em uma segunda parte explica como estas matrizes interagiram entre si, acrescentando as demais etnias que migraram para os trópicos, dedicando parte da obra a elucidar como estas relações se deram em relativa paz.
Darcy Ribeiro, em O Povo Brasileiro, lembra-nos do mito “Brasil o país do futuro” ao dizer que somos o país do porvir, em processo de crescimento, eternamente encaminhando sua independência. De modo, que ambicionava soluções: o que estaria impedindo a autorealização desta nação? O epílogo da referida obra trás o que Ribeiro considerava uma resposta para seus porquês. Se é o Brasil um país rico. Se a diversidade soma. O Brasil ainda não deu certo pela injustiça social, certo, pela educação, sem dúvida, mas a raiz desses males para Darcy Ribeiro - pouco ortodoxo, mas ainda assim marxista – é a ordenação da sociedade, cujo topo da oligarquia é a elite que ao longo dos anos mudou apenas de máscaras e de nome. São os senhores, os capitalistas, os neoliberais dos nossos dias. Assim para Ribeiro, o Brasil não deu certo pela estrutura política fechada que protege e concede privilégios a uma minoria.
Este pensador social brasileiro, que sabia não existir na ciência isenção, pois todos trabalham por uma causa, pensou, escreveu e ingressou na política como instrumento para agir conforme seus ideais. Darcy Ribeiro ainda fala a nós e ele diz: “O mais importante é inventar o Brasil que nós queremos”.
Tafnes do Canto
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