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17 de janeiro de 2012

O saber de segunda mão...

De uns tempos para cá tenho passado por situações que me fazem refletir sobre como é vital encontrar o conhecimento em fontes seguras. Tenho me deparado com pessoas que constroem sua filosofia de vida, conduzem seus preceitos de saúde, assuntos jurídicos e tudo o mais com base no “diz que me disse” e em mensagens eletrônicas “bem intencionadas” que circulam na rede.

Só dois exemplos: no Facebook circulou uma mensagem que o Aleandre Garcia fora demitido pela Rede Globo depois de uma severa crítica feita ao governo PT (e um vídeo You Tube vinha acompanhando a manchete). A publicação fechava ainda com um comentário falando acerca da censura do governo petista. Quando li isso lembrei ter visto um programa do Alexandre Garcia no dia anterior na Globo News. De tão pasma, fiz questão de entrar na página da Globo News e conferir se o programa Espaço Aberto ainda estava no ar. Ufa, lá estava ele. Recentemente também recebi uma mensagem virtual informando sobre o novo prazo de vencimento da CNH. O conteúdo alertava que a partir de maio de 2011 quem não renovasse a carteira em um mês teria que passar por todo o processo novamente. Bom, isso tem muito jeito de político brasileiro, mas estava justamente passando pelo processo de renovação da minha habilitação e por algumas questões não conseguira fazer no prazo de um mês e não sofri nenhuma penalidade por isso. Aliás, não utilizei nem despachante, fui diretamente ao Ciretran e renovei minha carteira por muito menos que o despachante me cobrara.

São exemplos bobos, mas que acabam sendo repassados por pessoas idôneas. Informações que circulam no meio eletrônico, outras que são transmitidas de geração em geração, na boca de vizinhos e ninguém sabe dizer de onde surgiram. E aí, criticamos o que não deveríamos criticar, agimos do modo que não deveríamos, organizamos mal nosso cardápio, não distinguimos propaganda dos quesitos que realmente devemos elencar como prioritários, elegemos quem não administrará adequadamente a coisa pública e assim por diante. Claro que não é fácil estar bem informado a respeito de tudo, mas vai a dica: os advogados não atualizam seus conhecimentos sobre leis lendo emails, estudam diretamente a Constituição. Existe sempre a fonte adequada para descobrirmos. Esse mal de historiador e de qualquer pesquisador sério, de se preocupar com a validade das fontes de pesquisa, podia se tornar uma epidemia.

Temo por este tipo de informação circulante:é geradora de mitos, formadora de ideias, perniciosa, caluniosa. Nosso crivo sobre a confiabilidade e a intenção das coisas precisa ser mais refinado. E é dessa gama de informações descabidas, de sinapses realizadas por caminhos controversos que a ignorância impera e constrói discursos. O discurso de que o sujeito crítico é aquele de que nada está bom, que não preciso aprender matemática, que petista é x e tucano é z e mais uma infinidade de assuntos... E mais: nos tornamos juízes com olhares míopes.

Liege de O. Leopoldo e Silva

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