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18 de outubro de 2010

A Escola da Ponte e a Educação Brasileira

Por Liege de Oliveira

A Escola da Ponte tornou-se referência mundial em educação. A ausência de salas de aula, o aglomeramento de alunos por interesses em comuns e o professor orientando os trabalhos desenvolvidos por períodos de quinze dias constituem-se grandes atrativos para a escola fundada pelo português José Pacheco.
Intelectuais e profissionais da educação de todo o globo já visitaram a instituição. Seus emblemas libertários, revolucionários e solidários suscitam em pensadores o que a repetição desta experiência nos mais variados lugares poderia surtir muitos benefícios as populações.
O Brasil possui uma tendência compulsiva por importar modelos educacionais. Este foi o caso da aprovação automática instituído em alguns estados brasileiros. As controvérsias sobre a eficácia de tais modelos têm dividido educadores e servido até como repertório de campanha eleitoral de políticos da oposição.
O sucesso da Escola da Ponte não se encontra somente em suas inovações, mas no porquê inovou. Seu histórico informa que as reformas educacionais surgiram de necessidades e dificuldades constatadas no cotidiano escolar encontradas pelos professores e funcionários. Ao pensarem sobre a situação, foram propondo mudanças e instituíram o que hoje conhecemos por Escola da Ponte. E esta é a essência da lição da Escola da Ponte: pensar sobre a realidade, propor e realizar mudanças, não a metodologia adotada em si. Esta é só uma consequência.
Construir uma escola de nosso tempo, ou, como alguns preferem, a frente do nosso tempo, é tarefa árdua. Precisamos capitalizar recursos, dar autonomia e valorizar os profissionais e ferramentas para que a mudança possa acontecer.
O Brasil possui e já possuiu escolas que serviram eficazmente seu tempo. Um caso típico, foram as escolas que imigrantes alemães fundaram nos estados sulinos. Com as ferramentas e recursos que possuíam proveram as crianças o melhor que podiam em educação.
Assim, seu exemplo nos convida a criar com base na realidade que possuímos e não, simplesmente, testarmos ideias estrangeiras como se elas personificassem o ideal educacional.

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